quarta-feira, dezembro 3

Interpelação

e tu menina
virgem da continuação
como te vês no espelho negro do desaguar dos vindouros?
trazes no ventre um impostor
não nascido não parido parricida e devorador dos tempos
o negrume e a luz que rasga os olhos protrépticos dos infelizes...
a faca faleceu no despontar das pétalas graves da maresia frente à ilha dos degredados
lá no longe onde ninguém habita errando e aberto em lâminas fulgurantes
és a recusa do prazer e da agonia
larvam-te as horas de pontadas de chá fumegante
na pedra-pomes de te quereres plena
és a face secreta da lonjura
pingam de baixo os sonhos vermelhos de não ver para lá
és a encarnação do desejo do homem de hoje
esse espalhafato de desejo e fogo preso
na hora de sempre
afundando-se no prazer sem mais
as alvura da encenação repleta de si

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