quarta-feira, dezembro 3

quando fui escravo

quando fui escravo
a fluorescência dos chicotes rasgou-me a pele saciada de sol
e da boca brotou-me o grito abortado de homem denegado
que nunca os chacais possam saciar-se de sangue
os homens putrefactos
seja deles apenas deles a desolação
podem fingir-se de mortos
cingir-se de auréolas e de glórias opalinas
que não seja seu o que não é do tempo
que não se apropriem da vibração das harpas
que tornará o vento premente
que não seja nunca deles a verdade do que sou
no sempre e nos ocasos

Sem comentários: